Retratos da luta feminina

No grito: manifestante protesta no Centro do Rio (Foto Bibiana Maia)

Na Marcha das Mulheres, manifestantes apontam os marcos de suas vidas que as levaram aos protestos

Por Bibiana Maia | ODS 1ODS 5 • Publicada em 9 de março de 2017 - 19:32 • Atualizada em 5 de setembro de 2017 - 21:00

No grito: manifestante protesta no Centro do Rio (Foto Bibiana Maia)

“Se nossas vidas não importam, que produzam sem nós.” Este foi o lema das marchas e paralisações que uniram pessoas de mais de 50 países  no Dia Internacional da Mulher. No Rio de Janeiro, os protestos mais fortes foram contra o presidente Michel Temer,  a reforma da Previdência, a libertação do goleiro Bruno, o governador Luiz Fernando Pezão e a crise no estado, além de gritos contra a  cultura do estupro, pelo direito à sexualidade e pela legalização do aborto. Mas o que levou cada uma daquelas mulheres à luta? O #Colabora foi às ruas e perguntou a seis manifestantes onde elas encontraram seu  empoderamento.

Fernanda (Foto Bibiana Maia)

Fernanda Castro, 34 anos, servidora pública e mãe da Frida, de 1 ano e 4 meses

“Para mim, o empoderamento só é possível coletivamente. Não acho que uma mulher pode se empoderar ou empoderar outra. Então, pra mim, foi um encontro com outras mulheres que me trouxeram para o feminismo, há 16 anos, quando comecei a minha militância política na faculdade de História”.

Cilene (Foto Bibiana Maia)

Cilene Almeida, 29 anos, vendedora ambulante e mãe da Laura, de 4 anos

“O nascimento da minha filha me amadureceu. Eu perdi meu emprego, em 2014, e tive que vir trabalhar na rua para sustentá-la. Eu era camareira e fui mandada embora depois da Copa do Mundo. O nascimento da Laura me fez ver como a vida é dura, e tudo que minha mãe sofreu para me sustentar.”

Maria Clara (foto Bibiana Maia)

Maria Clara Lanari Bó, 63 anos, aposentada

“A aposentadoria foi importante porque antes eu não tinha tempo. Passava 12 horas por dia entre Jacarepaguá e Botafogo fazendo um programa de rádio. Ficava exausta e o agora o tempo é meu. Isso me levou a fazer o que eu queria fazer. Me trouxe para a militância e para estudar”

Angela (Foto Bibiana Maia)

Angela Maria Cassiano, 41 anos, artesã

“Eu moro há um ano em uma ocupação no Santo Cristo, a Vito Giannotti. Há homens que acham que têm que ganhar tudo no grito e estou enfrentando um momento difícil. Tem sido complicado, porque nós precisamos entender que é a criação deles, mas eles precisam ver que os tempos são outros. Me modificou viver em coletivo.”

Debora (Foto Bibiana Maia)

Debora de Souza Silva, 32 anos, professora

“Eu, moradora de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, tinha que pegar o trem para estudar em São Cristóvão, no Colégio Pedro II, desde os 10 anos de idade. A partir daí, comecei a sofrer abusos no trem lotado, em horário de rush, voltando para casa. Naquele momento, eu já sentia na pele, vi que não era certo”.

Luiza, 17 anos, estudante

“Há dois anos, conheci um rapaz e depois percebi que estava em um relacionamento abusivo. Ele fez muita coisa com a minha autoconfiança, e quando a gente está em uma relação assim, não sabe. Terminei, depois percebi os abusos que sofria e passei a ter mais contato com o feminismo através de uma professora e das minhas amigas”

Bibiana Maia

Jornalista formada pela PUC-Rio com MBA em Gestão de Negócios Sustentáveis pela UFF. Trabalhou no Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e nos jornais O Globo, Extra e Expresso. Atualmente é freelancer e colabora com reportagens para jornais e sites.

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