Meia velha, cobertor novo

A maior parte das doações vai para populações de rua de São Paulo, do Rio e do sul do país

Empresa incentiva doação, investe em reciclagem e aquece o inverno de pessoas carentes

Por Paula Autran e Reneé Rocha | ODS 1 • Publicada em 28 de julho de 2016 - 08:00 • Atualizada em 28 de julho de 2016 - 18:27

A maior parte das doações vai para populações de rua de São Paulo, do Rio e do sul do país
A maior parte das doações vai para populações de rua de São Paulo, do Rio e do sul do país
A maior parte das doações vai para populações de rua de São Paulo, do Rio e do sul do país

Doar um pé de meia está a léguas de ser uma doação incompleta. Ainda que ele esteja velho, puído, rasgado e/ou manchado, vá em frente, pois o coletivo de meias agora é cobertor. Pelo quarto ano consecutivo, a Puket (fabricante de meias e pijamas) está investindo nesse novo produto. Não para vender, mas para distribuir gratuitamente para creches, asilos, orfanatos, instituições que atendem a moradores de rua de várias partes do Brasil – seis delas no Rio, entre elas a Cufa. Funciona assim: aquela sua meia perdida, acabada e esquecida no fundo do armário é misturada com mais 79 nas mesmas condições formando 40 pares que vão ser transformados em um cobertor de casal de 1,70m por 1,90m. Desde que foi iniciada, em 2013, a campanha Meias do Bem já arrecadou 400 mil pares de meias usadas em 143 pontos de recolhimento espalhados pelo país. Elas foram transformadas em mais de 10 mil cobertores, que já estão tornando o inverno de muita gente carente mais quentinho.

A ideia surgiu diante da constatação de que 16 milhões de pares de meias vão para o lixo por ano, já que acabam ficando puídas, velhas, e são difíceis de doar. Conversamos com um fabricante de cobertores que já trabalhava transformando resíduos têxteis e ele se tornou nosso parceiro no projeto.

“A ideia surgiu diante da constatação de que 16 milhões de pares de meias vão para o lixo por ano, já que acabam ficando puídas, velhas, e são difíceis de doar. Conversamos com um fabricante de cobertores que já trabalhava transformando resíduos têxteis e ele se tornou nosso parceiro no projeto”, explica Fernanda Dittmers, gerente de Marketing da Puket. “Antes nos concentrávamos mais em São Paulo e no Sul do Brasil, mas, com o frio que chegou antes do inverno este ano, a campanha cresceu muito, não só no Rio como no Espírito Santo e em Minas Gerais. Doamos muitos cobertores e meias para a cidade de Mariana, por exemplo, por conta da tragédia que aconteceu lá com o rompimento de duas barragens”.

A doação de meias velhas pode ser feita o ano todo. Mas, durante o mês de junho, outra ação solidária se junta a Meias do Bem. É a campanha Inverno do Bem, que alia a compra de três pares de meia em qualquer loja Puket à doação que a empresa fará de outro par de meias novas para uma das instituições parceiras. Já foram doados também mais de 10 mil pares de meias novas.

A maior parte das doações vai para moradores de rua. E, por conta das baixíssimas temperaturas das semanas que antecederam o inverno, o projeto deu uma acelerada este ano: foi montada uma força tarefa para recolher mais rapidamente as doações nas lojas e aumentar o ritmo da entrega de cobertores. Até agora, foram distribuídos três mil deles, sendo dois mil só no último mês. Por trás desse sucesso estão grupos de escoteiros, estudantes fazendo gincanas em escolas e pessoas como o professor de matemática, agente pastoral e diácono permanente da Arquidiocese de Minas Gerais José Geraldo Resende, de 41 anos, que faz hora extra em vilas e favelas de Belo Horizonte ajudando os menos favorecidos e já arrecadou 600 meias:

“As doações estão sendo feitas pelos funcionários, alunos e todos os professores do Colégio São Paulo, onde leciono. Colocamos cartazes e mensagens nas redes sociais”, conta ele. “O objetivo da nossa participação é saber que podemos usar algo que seria jogado fora para ajudar alguém, assim como contribuir com o meio ambiente. Estamos muito felizes, pois temos o objetivo de ajudar moradores de rua com o projeto Sorriso Solidário, e esta campanha contribuiu para enriquecer essa ajuda”.

Cada 40 pares de meias – casados ou não – são triturados e se tornam uma coberta. As meias podem ser de qualquer marca, com exceção daquelas longas, sociais, que não se prestam à reciclagem para a produção de cobertores.

“Já tínhamos a tecnologia, e surgiu a ideia de aproveitar as meias para cumprir nossa função social, usando também as sobras de fabricação da Puket, que para gente são matérias primas. Produzimos um cobertor a cada três minutos. São de duas a três mil peças por dia só com esse tipo de resíduo. Mas também atendemos ao sistema penitenciário. Uma peça dessas é vendida a R$ 9 no varejo”, diz Sérgio Saez, sócio da Fibran do Brasil Ltda, que fabrica os cobertores.

Paula Autran e Reneé Rocha

Paula Autran e Reneé Rocha se completam. No trabalho e na vida. Juntos, têm umas quatro décadas de jornalismo. Ela, no texto, trabalhou no Globo por 17 anos, depois de passar por Jornal do Brasil, O Dia e Revista Veja, sempre cobrindo a cidade do Rio. Ele, nas imagens (paradas ou em movimento), há 20 anos bate ponto no Globo. O melhor desta parceria nasceu no mesmo dia que o #Colabora: 3 de novembro de 2015. Chama-se Pedro, e veio fazer par com a irmã, Maria.

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6 comentários “Meia velha, cobertor novo

  1. Suzana Reis Cahuasqui disse:

    Bom dia
    Me chamo Suzana Reis Cahuasqui

    Onde poderei fazer as entregas das meias?
    Estou mobilizando o maior número de pessoas para isso.

    Obrigada

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