Aposentadoria pela hora da morte

Em maio, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que defenderia uma idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de homens e mulheres. Foto de FRANK MAY / picture alliance / DPA

Moradores de distritos de SP morreriam antes de completar a idade mínima

Por Fernando Molica | ODS 1 • Publicada em 2 de setembro de 2016 - 08:00 • Atualizada em 21 de fevereiro de 2019 - 13:18

Em maio, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que defenderia uma idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de homens e mulheres. Foto de FRANK MAY / picture alliance / DPA
Em maio, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que defenderia uma idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de homens e mulheres. Foto de FRANK MAY / picture alliance / DPA
Em maio, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que defenderia uma idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de homens e mulheres. Foto de FRANK MAY/DPA

Moradores de 36 dos 96 distritos da cidade de São Paulo correm o risco de morrer antes da obtenção da aposentadoria caso sejam implantadas algumas das propostas de reforma na Previdência Social do pacote apresentado pelo governo de Jair Bolsonaro.  Entre elas, principalmente, a que estabelece uma idade mínima para a obtenção do benefício e que já estava nos planos do governo anterior, de Michel Temer.

Procurador do Estado de São Paulo, Michel Temer se aposentou aos 55 anos e, segundo o Portal da Transparência do governo paulista, teve, em julho, uma remuneração bruta de R$ 45.055,99. Com a aplicação de um redutor salarial, o valor líquido caiu para R$ 22.082,70.

Dados do Mapa da Desigualdade, divulgados nesta quinta-feira pela Rede Nossa São Paulo, mostram que nesses bairros da maior e mais rica cidade do país o tempo médio de vida é inferior a 65 anos. Em maio, o ministro da Fazenda nomeado por Temer, Henrique Meirelles, disse que defenderia uma idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de homens e mulheres. Hoje, em média, brasileiros recebem o benefício a partir dos 57 anos.

Lançado no ano passado, o documento do PMDB “Uma ponte para o futuro”, que resume as propostas do novo presidente, registra ser necessário estabelecer uma idade mínima para a aposentadoria “que não seja inferior a 65 anos para os homens e 60 anos para as mulheres”.

Idade mínima/Fernando Alvarus

O mesmo texto admite que a idade mínima poderá aumentar: fala em “previsão de nova escalada futura dependendo dos dados demográficos.”

Em 17 dos 96 distritos paulistanos que constam do levantamento, a expectativa de vida é inferior a 60 anos. A menor delas é em Cidade Tiradentes, onde o tempo médio de vida é de 53,85 anos. Uma diferença de mais de 25 anos em relação ao melhor índice registrado na cidade: o do badalado Alto de Pinheiros, que fica a pouco mais de 60 km de distância. Em média, o morador do distrito onde, coincidentemente, está a casa de Michel Temer vive 79,67 anos.

Procurador do Estado de São Paulo, o presidente conseguiu se aposentar aos 55 anos e, segundo o Portal da Transparência do governo paulista, teve, em julho, uma remuneração bruta de R$ 45.055,99. Com a aplicação de um redutor salarial, o valor líquido caiu para R$ 22.082,70.

No pronunciamento que fez logo depois de assumir a Presidência em caráter definitivo, Temer afirmou que para garantir o pagamento das aposentadorias, o governo terá que reformar a Previdência.

Segundo ele, sem a reforma, “em poucos anos o governo não terá como pagar aos aposentados”. De acordo com o presidente, a mudança quer “garantir um sistema de aposentadorias pagas em dia, sem calotes, sem truques. Um sistema que proteja os idosos, sem punir os mais jovens.”

A área econômica do governo afirma que o aumento progressivo da idade da população inviabilizará, em poucos anos, o atual sistema previdenciário.

Os críticos à proposta, no entanto, ressaltam as diferenças no padrão de vida dos brasileiros.  Ponderam também que, normalmente, os mais pobres entram no mercado de trabalho mais cedo e que, com a fixação de uma idade mínima, teriam que trabalhar mais tempo para poder receber suas aposentadorias.

Em janeiro, Dilma Rousseff também defendera mudanças na Previdência por conta do envelhecimento da população.

Fernando Molica

É carioca, jornalista e escritor. Trabalhou na 'Folha de S.Paulo', 'O Estado de S.Paulo', 'O Globo', TV Globo, 'O Dia', CBN, 'Veja' e CNN. Coordenou o MBA em Jornalismo Investigativo e Realidade Brasileira da Fundação Getúlio Vargas. É ganhador de dois prêmios Vladimir Herzog e integrou a equipe vencedora do Prêmio Embratel de 2015. É autor de seis romances, entre eles, 'Elefantes no céu de Piedade' (Editora Patuá. 2021).

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2 comentários “Aposentadoria pela hora da morte

  1. Ramon Siva disse:

    Que o nosso Brasil,seja renovado com uma classe política! Que haja,de maneira coletiva.Pensando e,principalmente pondo em prática soluções para o bém de nossa população.

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