ODS 1
Aposentadoria pela hora da morte
Moradores de distritos de SP morreriam antes de completar a idade mínima
Moradores de 36 dos 96 distritos da cidade de São Paulo correm o risco de morrer antes da obtenção da aposentadoria caso sejam implantadas algumas das propostas de reforma na Previdência Social do pacote apresentado pelo governo de Jair Bolsonaro. Entre elas, principalmente, a que estabelece uma idade mínima para a obtenção do benefício e que já estava nos planos do governo anterior, de Michel Temer.
Procurador do Estado de São Paulo, Michel Temer se aposentou aos 55 anos e, segundo o Portal da Transparência do governo paulista, teve, em julho, uma remuneração bruta de R$ 45.055,99. Com a aplicação de um redutor salarial, o valor líquido caiu para R$ 22.082,70.
Dados do Mapa da Desigualdade, divulgados nesta quinta-feira pela Rede Nossa São Paulo, mostram que nesses bairros da maior e mais rica cidade do país o tempo médio de vida é inferior a 65 anos. Em maio, o ministro da Fazenda nomeado por Temer, Henrique Meirelles, disse que defenderia uma idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de homens e mulheres. Hoje, em média, brasileiros recebem o benefício a partir dos 57 anos.
Lançado no ano passado, o documento do PMDB “Uma ponte para o futuro”, que resume as propostas do novo presidente, registra ser necessário estabelecer uma idade mínima para a aposentadoria “que não seja inferior a 65 anos para os homens e 60 anos para as mulheres”.
O mesmo texto admite que a idade mínima poderá aumentar: fala em “previsão de nova escalada futura dependendo dos dados demográficos.”
Em 17 dos 96 distritos paulistanos que constam do levantamento, a expectativa de vida é inferior a 60 anos. A menor delas é em Cidade Tiradentes, onde o tempo médio de vida é de 53,85 anos. Uma diferença de mais de 25 anos em relação ao melhor índice registrado na cidade: o do badalado Alto de Pinheiros, que fica a pouco mais de 60 km de distância. Em média, o morador do distrito onde, coincidentemente, está a casa de Michel Temer vive 79,67 anos.
Procurador do Estado de São Paulo, o presidente conseguiu se aposentar aos 55 anos e, segundo o Portal da Transparência do governo paulista, teve, em julho, uma remuneração bruta de R$ 45.055,99. Com a aplicação de um redutor salarial, o valor líquido caiu para R$ 22.082,70.
No pronunciamento que fez logo depois de assumir a Presidência em caráter definitivo, Temer afirmou que para garantir o pagamento das aposentadorias, o governo terá que reformar a Previdência.
Segundo ele, sem a reforma, “em poucos anos o governo não terá como pagar aos aposentados”. De acordo com o presidente, a mudança quer “garantir um sistema de aposentadorias pagas em dia, sem calotes, sem truques. Um sistema que proteja os idosos, sem punir os mais jovens.”
A área econômica do governo afirma que o aumento progressivo da idade da população inviabilizará, em poucos anos, o atual sistema previdenciário.
Os críticos à proposta, no entanto, ressaltam as diferenças no padrão de vida dos brasileiros. Ponderam também que, normalmente, os mais pobres entram no mercado de trabalho mais cedo e que, com a fixação de uma idade mínima, teriam que trabalhar mais tempo para poder receber suas aposentadorias.
Em janeiro, Dilma Rousseff também defendera mudanças na Previdência por conta do envelhecimento da população.
É carioca, jornalista e escritor. Trabalhou na 'Folha de S.Paulo', 'O Estado de S.Paulo', 'O Globo', TV Globo, 'O Dia', CBN, 'Veja' e CNN. Coordenou o MBA em Jornalismo Investigativo e Realidade Brasileira da Fundação Getúlio Vargas. É ganhador de dois prêmios Vladimir Herzog e integrou a equipe vencedora do Prêmio Embratel de 2015. É autor de seis romances, entre eles, 'Elefantes no céu de Piedade' (Editora Patuá. 2021).
Sobrou para o trabalhador,verdadeiro pato nessa história! Àquele q levaram às ruas era cisne.
Que o nosso Brasil,seja renovado com uma classe política! Que haja,de maneira coletiva.Pensando e,principalmente pondo em prática soluções para o bém de nossa população.