Pregações contra Freixo

Crivella e Freixo no debate da Band (Foto de Yasuyoshi Chiba /AFP)

Cristãos que declararam voto no PSOL dizem ser perseguidos em suas igrejas

Por Bibiana Maia | ODS 11 • Publicada em 21 de outubro de 2016 - 08:00 • Atualizada em 23 de outubro de 2016 - 15:24

Crivella e Freixo no debate da Band (Foto de Yasuyoshi Chiba /AFP)
Crivella e Freixo no debate da Band (Foto de Yasuyoshi Chiba /AFP)
Crivella e Freixo no debate da Band (Foto de Yasuyoshi Chiba /AFP)

A disputa no segundo turno das eleições para a Prefeitura do Rio de Janeiro foi parar nos templos. Não só na Igreja Universal do Reino de Deus, mas em outras também cristãs, fiéis dizem se sentir perseguidos por declararem voto no candidato do PSOL, Marcelo Freixo. Segundo as denúncias, líderes religiosos têm orientado suas comunidades a elegerem o ex-bispo da Igreja Universal do Reino de Deus Marcelo Crivella, do PRB, ou votarem nulo.

Foram trinta minutos de uma conversa completamente constrangedora com os pastores. Um deles folheava um arquivo com muitas páginas de postagens do meu Facebook, que é privado

Ainda não há números consolidados sobre as denúncias, mas, segundo o juiz Marcello Rubioli, responsável pela fiscalização da propaganda eleitoral no município do Rio,  há registros de que isso está ocorrendo em unidades das igrejas Universal e Católica, o que, no entanto, só poderá impactar a candidatura de Crivella caso seja provada sua ligação com as ações. “Existe um entendimento do Tribunal Superior Eleitoral de que há necessidade de conhecimento daquela prática pelo candidato para que ele possa ser responsabilizado, que é a plena ciência do benefício. Ainda que se possa presumir, ela tem que ser inequívoca”.

Membro da Universal, mesma igreja de Crivella, a jornalista Débora Oliveira, de 29 anos, conta que foi retirada, após quatro anos, do posto de obreira (na hierarquia, cargo abaixo apenas do pastor) de uma unidade da Zona Oeste. Ela teve que se explicar aos pastores após publicar nas redes sociais críticas ao candidato do PRB , que é ex-bispo. “Foram trinta minutos de uma conversa completamente constrangedora com os pastores. Um deles folheava um arquivo com muitas páginas de postagens do meu Facebook, que é privado”, revela.

A orientação da minha liderança local, ‘como forma de conselho’,  foi de anularmos o voto, mas está sendo muito forte também a pressão dos membros. Fiquei muito deprimida, mas escolhi resistir pelo que eu acredito

Débora conta que a igreja não distribui material de campanha de Crivella, mas a propaganda do candidato é feita no boca a boca e quem não adere é considerado “perturbado”. “Infelizmente ainda tem muita gente passível desse tipo de manipulação e vota sim, por medo de ‘estar mal com Deus’ e ‘ser condenado ao inferno'”.

Outra jovem, frequentadora da mesma igreja, que também tem receio de se identificar, endossa o depoimento. A estudante diz que já participou de reuniões onde o pastor insistia que os fiéis deveriam votar nos candidatos da Universal. “O que a Igreja tem feito é errado por estar pressionando as pessoas a votarem num candidato que, se eleito, vai governar para a igreja e não para o povo”, ela opina.

Freixo discursa durante um encontro de líderes religiosos na Tijuca, na Zona Norte, no último dia 8, em prol da tolerância (Foto Bibiana Maia)
Freixo discursa durante um encontro de líderes religiosos na Tijuca, na Zona Norte, no último dia 8, em prol da tolerância (Foto Bibiana Maia)

A Universal, no entanto, não é a única a orientar os votos. Na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conhecida por mórmon, há relatos de casos de líderes pedindo o voto nulo por considerarem Marcelo Freixo comunista. “A orientação da minha liderança local, ‘como forma de conselho’,  foi de anularmos o voto, mas está sendo muito forte também a pressão dos membros. Fiquei muito deprimida, mas escolhi resistir pelo que eu acredito”, conta a estudante de Psicologia Alanna Sohl, de 27 anos, que frequenta a igreja de Santa Cruz, na Zona Oeste.

Apesar de Crivela já ter dito que a Igreja Católica prega uma “doutrina demoníaca”,  em seu livro “Evangelizando a África”, há padres pedindo apoio para o candidato. O geógrafo Genilson Estácio, de 22 anos, diz que o padre Marcus Vinícius, da Igreja Santa Rita, no bairro de Palmares, na Zona Oeste, insinua que aqueles que votarem no candidato do PSOL podem ser até excomungados.

“Ele fez posts no grupo do Facebook da paróquia dando a entender claramente que a igreja impele seus fiéis a não votar no Freixo”, diz Genilson, que não se deixa levar pela pressão. “Acho que minha fé só me motiva a lutar por justiça social, o que inclui, nesse caso, o voto no Freixo”, avalia.

Por outro lado, o apoio do pai de santo Douglas Maia, o Douglas de Iansã, fotografado com Crivella durante uma passeata em Madureira, na Zona Norte, no início de setembro, também causou estranheza e provocou uma nota de repúdio de 13 entidades que defendem e estudam religiões de matriz africana.

Segundo o juiz do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) Marcello Rubioli, a lei não permite falar de eleições em igrejas, assim como em escolas, faculdades e teatros, entre outros espaços públicos. Caso seja descumprida, o pastor ou a igreja pode pagar multa de até R$ 25 mil e ter suas atividades suspensas.

“Não se pode fazer eventos de propaganda eleitoral, mesmo que em espaço particular, onde há uso comum, da população em geral, como um clube. Não é invenção minha, está expresso na lei”, explica.

Ainda de acordo com o magistrado, a lei prevê a liberdade de manifestação pessoal, portanto o padre da Igreja Católica Santa Rita não está cometendo um crime por se expressar nas redes sociais. Já no caso da obreira, como o cargo não tem vínculo empregatício, o caso não poderia ser considerado uma coação.

Em nota, a Igreja Universal declarou que não se envolve em campanhas políticas e que orienta os pastores sobre “a necessidade de observância da proibição de propaganda eleitoral em templos”. Procuradas, as igrejas Católica e Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias não responderam às denúncias.

Bibiana Maia

Jornalista formada pela PUC-Rio com MBA em Gestão de Negócios Sustentáveis pela UFF. Trabalhou no Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e nos jornais O Globo, Extra e Expresso. Atualmente é freelancer e colabora com reportagens para jornais e sites.

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14 comentários “Pregações contra Freixo

  1. Renata disse:

    A matéria fala sobre a eleição para prefeitura do Rio e cita algumas igrejas (Universal, mórmons e católica) que têm apoiado o Crivella e perseguido quem vota no Freixo.

    A imagem que ilustra a matéria é da Igreja Bola de Neve, de São Paulo, de sua antiga sede na Rua Turiassú. Esse prédio foi todo reformado, nem se parece mais com o que a foto apresenta, o que mostra que a imagem é de anos atrás.

    Acho importante rever isso.
    Pode tirar a credibilidade do que está escrito.

    Atenciosamente, Renata

  2. Thiago disse:

    Vai ser crivella sim. Cristão que vota no freixo tá mal com Deus mesmo. Que cristão é a favor do homossexualismo e da maconha? Só bicho grilo adolescente qie não sabe nada da vida fecha com 50.

    • Khrys disse:

      Tá mal com Deus é quem não segue os mandamentos de Jesus: amar o próximo, caridade, bondade, ajudar quem precisa. Pessoa que fala que um voto é ficar mal com Deus é mente limitada. Muita lavagem cerebral mesmo só pode.

    • Gilmar disse:

      vendo aqui Thiago, o que vc escreve….Você e´riculo ao desrespeitar o ser humano…Deus veio para os pecadores não para os santos…enfim todos são filhos de Deus…assim éo cristianismo.

  3. Almir Cretton Reis disse:

    Primeiro que Crivella não é ex Bispo. Crivella é Bispo licenciado da IURD. Segundo que não existe fotos e nem nomes dos personagens. Portantanto, esse texto é uma falácia!

    • Cristiano disse:

      Não se pode citar nomes de civis. Isso não quer dizer que tenha que acreditar na matéria. Contudo, pregações a favor de Crivella já foram filmadas. De fato acontece.

  4. Crysthian disse:

    que pensamento pequeno esses aí que acham que quem votar em freixo está de mal com Deus, o cara quer a igualdade social, deveriam pensar no bem da população.

  5. Beatriz disse:

    O que não se faz pra derrubar alguém na política, já que não pode matar!
    Enojada de tudo isso!
    O que deve influenciar é o caráter e o plano de governo!
    #palhaçada

  6. Rogerio disse:

    O problema e que se falar para muitos que a bola e quadrada todo mundo acredita nunca vi uma eleição como essa a midia contra o crivella infelizmente o que mais tem é jornalista burguezinho da esquerda como essa que fez a matéria

  7. Sprovieri disse:

    Materiazinha parcial sem conteúdo e preconceituosa ! Eu não sei o que deram para um grupinho de repórteres hoje em dia, Materias sem conteúdo, com meias verdades e recheadas de ódio. Mais por fim o que interessa é que o #Crivella é 10 e que a porcada vai ser jogada pela janela da prefeitura e não importa o que meia dúzia de reportes meia bocas vão dizer eu só sei que falta 1 dia para vitória !

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